Hormônios da Tireoide: o que são, como atuam e sua importância na saúde e na gestação

Entenda o papel dos hormônios T3, T4 e TSH no organismo, sua importância para o metabolismo e para a gestação, e como os exames laboratoriais avaliam a função da tireoide.

HORMÔNIOS E VITAMINAS

Ariéu Azevedo Moraes

2/1/20255 min ler

Mãe grávida olhando foto
Mãe grávida olhando foto

Pequena no tamanho, gigante na função


A tireoide é uma glândula discreta, mas exerce influência sobre praticamente todos os sistemas do corpo humano. Localizada na região anterior do pescoço, ela produz os hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), responsáveis por regular o metabolismo, o crescimento, o desenvolvimento neurológico e até o equilíbrio emocional.

Quando a tireoide funciona de forma irregular — produzindo hormônios em excesso ou em quantidade insuficiente — surgem sintomas que vão desde fadiga, ganho de peso e queda de cabelo até ansiedade e taquicardia. É nesse momento que entra o papel crucial dos exames laboratoriais, especialmente o TSH, marcador fundamental para avaliar a atividade da glândula.

Durante a gestação, essa regulação torna-se ainda mais importante. O equilíbrio dos hormônios tireoidianos é essencial para o desenvolvimento cerebral do feto e para a saúde da mãe. Por isso, entender como funcionam o T3, o T4 e o TSH, e o que seus valores indicam, é indispensável tanto para profissionais da saúde quanto para quem busca compreender melhor o próprio corpo.

Neste artigo, vamos explorar o papel desses hormônios, suas interações durante a gravidez e como o laboratório clínico atua no diagnóstico e acompanhamento das disfunções da tireoide.

O que são os hormônios da tireoide?

A tireoide produz dois hormônios principais: T4 (tiroxina) e T3 (triiodotironina). Ambos são derivados do aminoácido tirosina e contêm iodo em sua estrutura — o T4 com quatro átomos e o T3 com três. Apesar do T4 ser liberado em maior quantidade pela tireoide, é o T3 o mais ativo biologicamente. O T4 é convertido em T3 nos tecidos periféricos, como fígado e rins, e é essa forma ativa que age diretamente nas células.

Esses hormônios tireoidianos são cruciais para:

  • Regular o metabolismo energético

  • Controlar o crescimento e desenvolvimento corporal

  • Estimular a atividade neurológica

  • Influenciar a frequência cardíaca e a temperatura corporal

  • Participar do metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas

A história de Laura: um diagnóstico que mudou sua vida

Laura, de 32 anos, começou a sentir uma fadiga incomum, dificuldade de concentração e queda de cabelo. Durante meses, ela associou os sintomas ao estresse do trabalho e à rotina intensa com dois filhos pequenos. Após insistência da irmã, decidiu fazer um check-up, que incluiu os exames hormonais da tireoide. O resultado mostrou níveis elevados de TSH e baixos de T4 livre — um diagnóstico claro de hipotireoidismo.

Com o início do tratamento e acompanhamento médico, Laura notou uma melhora significativa em poucas semanas. Hoje, ela reforça a importância de ouvir o corpo e realizar exames preventivos, principalmente para mulheres em idade fértil.

Como os hormônios da tireoide atuam no organismo?

Os hormônios T3 e T4 atuam em quase todas as células do corpo. Eles aumentam a taxa metabólica basal, ou seja, a quantidade de energia que o corpo usa em repouso. Esse efeito se dá por meio da interação dos hormônios com receptores nucleares que modulam a expressão gênica, promovendo a síntese de proteínas e a produção de energia.

Além disso, os hormônios da tireoide:

  • Estimulam o desenvolvimento cerebral fetal

  • Promovem o aumento da contratilidade cardíaca

  • Influenciam o nível de colesterol no sangue

  • Afetam o ciclo menstrual e a fertilidade

O sistema endócrino mantém um equilíbrio preciso com a ajuda do TSH (hormônio estimulador da tireoide), secretado pela hipófise. Quando os níveis de T3 e T4 estão baixos, o TSH aumenta para estimular a tireoide a produzir mais hormônios. Quando estão elevados, o TSH diminui, reduzindo a produção hormonal.

Alterações nos níveis hormonais: hipotireoidismo e hipertireoidismo

Hipotireoidismo

Caracteriza-se por uma produção insuficiente de hormônios tireoidianos, resultando em metabolismo lento. Os sintomas incluem:

  • Cansaço constante

  • Ganho de peso

  • Depressão

  • Sensibilidade ao frio

  • Pele seca e constipação

A causa mais comum é a tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune. A deficiência de iodo também pode levar ao hipotireoidismo, especialmente em regiões onde o sal iodado não é amplamente utilizado.

Hipertireoidismo

Nesse caso, há uma produção excessiva de T3 e T4, acelerando o metabolismo. Os sintomas são:

  • Perda de peso rápida

  • Taquicardia

  • Sudorese excessiva

  • Ansiedade e tremores

  • Intolerância ao calor

A doença de Graves, uma condição autoimune, é a principal causa. Outras causas incluem nódulos tireoidianos hiperfuncionantes e tiroidites transitórias.

Ambas as condições podem ser diagnosticadas por exames laboratoriais e requerem acompanhamento médico para tratamento adequado.

Exames laboratoriais para avaliação da tireoide

Os exames laboratoriais são fundamentais para detectar disfunções da tireoide. Os principais são:

  • TSH (hormônio estimulador da tireoide): primeiro marcador a ser avaliado. Níveis elevados sugerem hipotireoidismo; níveis baixos podem indicar hipertireoidismo.

  • T4 livre (tiroxina livre): mostra a quantidade de hormônio disponível para uso pelo organismo.

  • T3 livre (triiodotironina livre): útil para avaliar a gravidade do hipertireoidismo ou casos específicos de resistência ao T4.

  • Anticorpos antitireoidianos (como anti-TPO e anti-Tg): ajudam a identificar doenças autoimunes como Hashimoto e Graves.

Esses exames são realizados com uma simples coleta de sangue e fazem parte da rotina de acompanhamento em clínicas, laboratórios de análises clínicas e consultórios de endocrinologia.

A importância da função tireoidiana durante a gestação

Durante a gestação, o equilíbrio hormonal da tireoide é ainda mais importante. No primeiro trimestre, o feto depende exclusivamente dos hormônios tireoidianos maternos para o desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso. Alterações hormonais nesse período podem levar a complicações como:

  • Abortos espontâneos

  • Parto prematuro

  • Pré-eclâmpsia

  • Déficits cognitivos no bebê

Por isso, o monitoramento da função tireoidiana em gestantes é altamente recomendado. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) recomenda a dosagem de TSH em mulheres grávidas ou que planejam engravidar, principalmente aquelas com histórico familiar, autoimunidade ou sintomas sugestivos de disfunção tireoidiana.

Considerações finais

Os hormônios da tireoide são essenciais para a saúde global, influenciando desde o metabolismo energético até o bem-estar emocional. Distúrbios hormonais podem ter efeitos profundos, mas com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível ter qualidade de vida e saúde plena.

A realização de exames laboratoriais periódicos, especialmente para grupos de risco como mulheres, idosos e gestantes, é uma estratégia essencial de prevenção e cuidado com a saúde. A biomedicina e as análises clínicas desempenham um papel fundamental nesse processo, contribuindo para a detecção precoce de alterações hormonais e promovendo uma abordagem preventiva e personalizada da saúde.

Referências

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