Aterosclerose: a doença silenciosa que ameaça a saúde cardiovascular e o que seus exames revelam
Aterosclerose é o acúmulo silencioso de placas de gordura nas artérias. Entenda causas, exames laboratoriais para diagnóstico precoce e como prevenir infarto e AVC.
BIOQUÍMICA
Ariéu Azevedo Moraes
1/30/20255 min ler
A aterosclerose começa em silêncio — mas termina fazendo barulho no corpo inteiro
Enquanto você vive sua rotina, pequenas placas de gordura, colesterol e inflamação começam a se acumular nas paredes das artérias, reduzindo a passagem do sangue e aumentando o risco de infarto, AVC e doenças cardiovasculares graves.
O mais alarmante é que esse processo pode evoluir por anos sem nenhum sintoma. Só aparece quando a artéria já está estreitada o suficiente para comprometer o fluxo sanguíneo. E é justamente por isso que entender a aterosclerose é tão importante: trata-se de uma doença silenciosa, progressiva e completamente influenciada por hábitos, marcadores laboratoriais e fatores metabólicos que podem — e devem — ser acompanhados.
Neste artigo, vamos aprofundar o que é a aterosclerose, como ela se forma, seus principais fatores de risco, e quais exames laboratoriais revelam alterações precoces no metabolismo lipídico e inflamatório. Também veremos como intervenções simples no estilo de vida podem mudar o rumo da doença antes que o corpo reclame.
O que é Aterosclerose?
A aterosclerose é uma condição inflamatória crônica caracterizada pelo acúmulo de lipídios (gorduras), células inflamatórias e tecido fibroso na parede das artérias. Com o tempo, esse acúmulo forma placas que estreitam os vasos sanguíneos, dificultando ou bloqueando completamente o fluxo do sangue. O processo pode ocorrer em qualquer artéria do corpo, afetando órgãos como o coração, cérebro, rins e membros inferiores.
As consequências desse estreitamento são graves. Quando a artéria coronária (que irriga o coração) é comprometida, pode ocorrer angina ou infarto agudo do miocárdio. Se o bloqueio ocorrer em artérias cerebrais, o resultado pode ser um acidente vascular cerebral (AVC). Nos membros inferiores, há risco de isquemia e amputações.
Causas e Fatores de Risco da Aterosclerose
A aterosclerose é multifatorial, ou seja, várias condições e hábitos contribuem para seu desenvolvimento. Os principais são:
Hiperlipidemia (níveis elevados de colesterol LDL e triglicerídeos)
Hipertensão arterial
Diabetes mellitus
Tabagismo
Sedentarismo
Obesidade
Histórico familiar de doenças cardiovasculares
Alimentação rica em gorduras saturadas e açúcar
O processo começa com danos ao endotélio (revestimento interno das artérias), desencadeados por esses fatores. Com o tempo, o organismo deposita gordura na tentativa de reparar o dano, mas isso gera inflamação e acúmulo de mais lipídios, agravando a obstrução.
Sinais, Sintomas e Impacto na Saúde
A aterosclerose pode se desenvolver sem sintomas por anos, até que um evento agudo ocorra. No entanto, alguns sinais podem surgir dependendo da artéria afetada:
Angina (dor no peito) – quando afeta o coração
Dormência, formigamento ou paralisia – quando compromete o cérebro
Cãibras, dores ou feridas nas pernas – quando afeta os membros inferiores
Além dos sintomas físicos, o impacto psicológico é significativo. O medo constante de um evento cardiovascular grave pode gerar ansiedade e depressão. A qualidade de vida se reduz drasticamente, especialmente em pessoas com restrições físicas provocadas por complicações da aterosclerose.
Exames Laboratoriais para Diagnóstico e Monitoramento
O diagnóstico precoce e o monitoramento contínuo são essenciais para evitar desfechos graves. Os exames laboratoriais ajudam a identificar fatores de risco antes que os sintomas apareçam.
1. Perfil Lipídico (Lipidograma)
Avalia as frações de gordura no sangue:
Colesterol Total
LDL (lipoproteína de baixa densidade) – “colesterol ruim”
HDL (lipoproteína de alta densidade) – “colesterol bom”
Triglicerídeos
O LDL alto está diretamente relacionado à formação de placas. Já o HDL atua como “faxineiro” das artérias, removendo o excesso de gordura. O colesterol não-HDL, que inclui todas as lipoproteínas aterogênicas (exceto o HDL), também é um marcador relevante para risco cardiovascular.
Valores ideais:
LDL: abaixo de 100 mg/dL (em pacientes de alto risco: abaixo de 70 mg/dL)
HDL: acima de 40 mg/dL (homens) e 50 mg/dL (mulheres)
Triglicerídeos: abaixo de 150 mg/dL
Colesterol não-HDL: abaixo de 130 mg/dL (idealmente <100 mg/dL em pacientes de alto risco)
2. Glicemia e Hemoglobina Glicada (HbA1c)
A diabetes é um dos maiores catalisadores da aterosclerose. A hemoglobina glicada avalia o controle glicêmico dos últimos 2-3 meses e deve estar abaixo de 6,5% em diabéticos bem controlados.
3. Proteína C-Reativa (PCR)
É um marcador inflamatório que pode indicar inflamação vascular ativa. Níveis elevados de PCR ultrasensível estão associados ao aumento do risco cardiovascular.
4. Creatinina e TFG (Taxa de Filtração Glomerular)
O comprometimento renal está frequentemente associado à aterosclerose avançada. Esses exames avaliam a função dos rins e a presença de lesão renal crônica.
História Real: Quando o Diagnóstico Muda Tudo
Joana, 52 anos, professora e mãe de dois filhos, sempre levou uma vida agitada e negligenciava a própria saúde. Durante uma caminhada, sentiu uma dor no peito que associou ao cansaço. O desconforto persistiu, até que procurou um médico. Após exames laboratoriais, seu LDL estava em 185 mg/dL, e a proteína C-reativa estava alta. O diagnóstico: aterosclerose incipiente.
Com acompanhamento médico, ajustes na dieta, medicação e atividade física, Joana conseguiu reverter parte do quadro. Hoje, ela compartilha sua história para alertar outras mulheres sobre a importância da prevenção. “A gente só dá valor quando percebe que quase perdeu a chance de viver com qualidade”, conta.
Prevenção e Mudança de Estilo de Vida
A prevenção da aterosclerose começa muito antes do aparecimento dos sintomas. Pequenas mudanças de hábito têm um impacto poderoso:
Alimentação
Evite: alimentos ultraprocessados, frituras, embutidos, açúcar refinado e excesso de sal.
Inclua: frutas, vegetais, leguminosas, oleaginosas, peixes ricos em ômega-3 e grãos integrais.
Atividade Física
Mínimo recomendado: 150 minutos semanais de atividades aeróbicas moderadas.
Exercícios como caminhada, natação e ciclismo são ideais para o sistema cardiovascular.
Controle do Estresse
Técnicas como meditação, yoga e respiração consciente ajudam a reduzir os níveis de cortisol e, consequentemente, a inflamação sistêmica.
Abandono do Tabagismo e Controle do Álcool
O cigarro acelera a inflamação e danifica as artérias.
O consumo excessivo de álcool aumenta os triglicerídeos e a pressão arterial.
A Importância do Acompanhamento Clínico e Laboratorial
Mesmo com estilo de vida saudável, o acompanhamento médico regular e a realização de exames laboratoriais são indispensáveis. A aterosclerose pode se desenvolver silenciosamente, e o controle periódico garante que qualquer alteração seja detectada precocemente.
Profissionais como médicos cardiologistas, endocrinologistas, nutricionistas e biomédicos trabalham de forma integrada para prevenir e tratar essa condição.
Consideramos então que:
A aterosclerose é uma doença séria, mas que pode ser enfrentada com informação, prevenção e acompanhamento adequado. Com exames laboratoriais regulares, mudanças no estilo de vida e suporte profissional, é possível manter a saúde cardiovascular em dia e viver com mais qualidade e longevidade.
Se você nunca avaliou seus níveis de colesterol, glicose ou PCR, esse pode ser o momento certo para agir. Cuide do seu coração hoje para que ele possa cuidar de você por toda a vida.
Referências
Sociedade Brasileira de Cardiologia – Diretrizes de Prevenção Cardiovascular
[Motta, D. J. – Bioquímica Clínica para Cursos da Área da Saúde, 5ª ed., Guanabara Koogan]
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