Desvendando o Ciclo Evolutivo do Ascaris lumbricoides: Entenda a Infecção e Prevenção
A importância de entender o Ascaris lumbricoides reside não apenas na sua biologia, mas também no impacto que ele tem na saúde pública. As infecções por este verme podem levar a desnutrição, atraso no crescimento e compromissos no funcionamento imunológico, especialmente em populações vulneráveis, como crianças.
PARASITOLOGIA
Ariéu Azevedo Moraes
2/15/20255 min ler


Ascaris lumbricoides: sintomas, diagnóstico e prevenção da ascaridíase
A ascaridíase é uma das parasitoses intestinais mais comuns no mundo, causada pelo verme Ascaris lumbricoides. Esse parasita, um nematoide de grandes dimensões, é capaz de infectar milhões de pessoas, principalmente em regiões com saneamento básico inadequado. O conhecimento sobre sua biologia, os sintomas que provoca e a importância do diagnóstico laboratorial é essencial para a promoção da saúde pública, especialmente no contexto da biomedicina e das análises clínicas.
O que é o Ascaris lumbricoides?
Ascaris lumbricoides é um verme cilíndrico, com corpo alongado e coloração esbranquiçada ou rosada. O parasita adulto pode atingir entre 15 e 35 centímetros de comprimento e se aloja principalmente no intestino delgado dos seres humanos, seu único hospedeiro definitivo. Trata-se de um helminto geo-helmíntico, ou seja, depende de condições do solo para completar parte de seu ciclo de vida.
A transmissão ocorre principalmente pela ingestão de alimentos ou água contaminados com ovos do parasita presentes em fezes humanas. Por isso, a ascaridíase é considerada uma doença intimamente relacionada à falta de saneamento básico e de hábitos adequados de higiene.
Ciclo de vida do Ascaris lumbricoides
O ciclo de vida do Ascaris lumbricoides é um exemplo clássico estudado na parasitologia:
Ingestão dos ovos: os ovos infectantes são ingeridos através de alimentos ou água contaminados.
Eclosão no intestino: no intestino delgado, os ovos liberam larvas que penetram a parede intestinal.
Migração das larvas: as larvas entram na circulação sanguínea, passam pelo fígado e chegam aos pulmões.
Fase pulmonar: nos pulmões, as larvas se desenvolvem por alguns dias. Em seguida, sobem pelos brônquios até a traqueia e são deglutidas novamente.
Maturação no intestino: após retornarem ao intestino, as larvas tornam-se vermes adultos e começam a se reproduzir, liberando ovos pelas fezes.
Este ciclo leva cerca de 2 a 3 meses para ser completado. Os vermes adultos podem viver por até um ano no organismo humano.
Sintomas da ascaridíase
A infecção por Ascaris lumbricoides pode ser assintomática, especialmente quando a carga parasitária é baixa. No entanto, em infecções mais intensas, os sintomas podem ser bastante incômodos. Entre os sinais clínicos mais comuns estão:
Dor abdominal difusa;
Náuseas e vômitos;
Diarreia ou constipação;
Perda de apetite;
Cansaço e irritabilidade;
Presença de vermes nas fezes ou vômitos;
Tosse e desconforto torácico durante a fase pulmonar.
Em casos mais graves, os vermes podem migrar para outros órgãos, como ductos biliares, apêndice ou pâncreas, provocando obstruções, pancreatite ou apendicite. Crianças pequenas são mais suscetíveis a complicações, como desnutrição, atraso no desenvolvimento e anemia.
Diagnóstico laboratorial
O diagnóstico da ascaridíase é realizado principalmente por meio do exame parasitológico de fezes, uma das ferramentas mais utilizadas em análises clínicas. Esse exame permite a identificação de ovos do Ascaris lumbricoides, confirmando a infecção.
Em casos de suspeita de obstrução intestinal, exames de imagem como ultrassonografia ou radiografia abdominal podem ser indicados. Já na fase pulmonar, exames como hemograma podem evidenciar eosinofilia, um aumento nos eosinófilos — células do sangue associadas a infecções parasitárias.
O exame parasitológico pode ser realizado por métodos como:
Método de Hoffman, Pons e Janer (HPJ) — sedimentação espontânea;
Método de Faust — flutuação em solução salina;
Método de Kato-Katz — quantificação de ovos por grama de fezes.
Esses métodos são essenciais para profissionais da biomedicina e laboratórios especializados em parasitologia.
Importância dos exames laboratoriais e da biomedicina
A atuação do biomédico nas análises clínicas é fundamental para o diagnóstico preciso de doenças parasitárias como a ascaridíase. A identificação do parasita no laboratório permite o início rápido do tratamento e contribui para o controle da transmissão, especialmente em comunidades vulneráveis.
Além disso, campanhas de triagem escolar e programas de controle de verminoses incluem a análise de fezes em larga escala, demonstrando o papel crucial da biomedicina na saúde coletiva.
Tratamento da ascaridíase
O tratamento da ascaridíase é simples, seguro e altamente eficaz. Os medicamentos antiparasitários mais utilizados são:
Albendazol (400 mg em dose única);
Mebendazol (100 mg duas vezes ao dia por três dias);
Levamisol (150 mg em dose única).
Em casos mais graves, com obstrução intestinal ou migração aberrante de vermes, pode ser necessária intervenção médica hospitalar. A repetição do tratamento após duas semanas pode ser indicada para garantir a eliminação completa do parasita, especialmente quando a infecção é intensa.
Prevenção e controle
A prevenção da ascaridíase envolve medidas de saneamento básico e educação em saúde. Entre as principais estratégias preventivas estão:
Higiene pessoal: lavar bem as mãos antes das refeições e após usar o banheiro;
Higiene dos alimentos: lavar frutas, legumes e verduras com água potável;
Tratamento da água: consumir apenas água filtrada ou fervida;
Saneamento básico: destinação adequada de fezes e esgoto sanitário;
Educação sanitária: campanhas informativas sobre prevenção de parasitoses.
Programas de vermifugação em escolas e comunidades de risco são recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como forma de controle de infecções por geo-helmintos.
Impacto na saúde pública
Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 800 milhões a 1,2 bilhão de pessoas estão infectadas por Ascaris lumbricoides globalmente. No Brasil, a prevalência é maior nas regiões Norte e Nordeste, principalmente em áreas rurais e periféricas.
Estudos realizados em creches e escolas revelam uma alta taxa de infecção em crianças, o que reforça a importância de políticas públicas voltadas ao saneamento e à educação em saúde. A ascaridíase compromete não apenas a saúde individual, mas também o desempenho escolar, o desenvolvimento cognitivo e a qualidade de vida de crianças em idade escolar.
Conclusão
A ascaridíase é uma parasitose intestinal evitável, mas ainda altamente prevalente em regiões com déficit de infraestrutura sanitária. A atuação integrada entre profissionais de saúde, laboratórios de análises clínicas e políticas públicas é essencial para o controle dessa infecção.
O papel da biomedicina no diagnóstico laboratorial, aliado à educação em saúde e à melhoria do saneamento básico, é indispensável para reduzir a incidência da ascaridíase e outras verminoses que afetam milhões de pessoas em todo o mundo.
Referências:
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