Entenda as Cores das Tampas dos Tubos de Coleta: Um Guia Prático
A coleta de sangue adequada é crucial para garantir resultados precisos nos exames laboratoriais, e um dos aspectos mais importantes desse processo é a ordem dos tubos de coleta. Essa ordem tem como objetivo evitar contaminações cruzadas e garantir que os aditivos presentes em cada tubo não interfiram nos resultados das análises.
COLETA E PREPAROHEMATOLOGIABIOQUÍMICAHORMÔNIOS E VITAMINAS
Ariéu Azevedo Moraes
2/16/20254 min ler
Cores das Tampas dos Tubos de Coleta: O Que Cada Cor Significa nos Exames Laboratoriais
Quem já realizou exames laboratoriais certamente já notou que os profissionais da saúde utilizam tubos de coleta com tampas de cores diferentes. Esses pequenos detalhes, muitas vezes ignorados pelo público, são fundamentais para garantir a precisão dos exames e a integridade das amostras coletadas. No universo das análises clínicas, as cores das tampas dos tubos de coleta não são escolhidas ao acaso — elas indicam a presença ou ausência de aditivos que influenciam diretamente na metodologia do exame a ser realizado.
Neste artigo, você vai entender a função de cada cor, como elas se relacionam com os exames laboratoriais, a importância da ordem de coleta e os cuidados essenciais durante esse procedimento. Se você trabalha com biomedicina, enfermagem, ou simplesmente quer entender melhor como funciona o processo de coleta de sangue, continue lendo.
Por que as tampas dos tubos têm cores diferentes?
A coleta de sangue é um procedimento padronizado, e cada tubo de coleta foi desenvolvido com uma finalidade específica. As cores das tampas identificam o tipo de aditivo presente no tubo (ou sua ausência), que pode interferir diretamente nos resultados laboratoriais. Por isso, o uso correto desses tubos é uma etapa essencial no processo pré-analítico das análises clínicas.
O erro na escolha do tubo pode comprometer completamente o exame, levando a resultados falsos, diagnósticos incorretos e até intervenções médicas desnecessárias. Além disso, a sequência de coleta também influencia na qualidade da amostra. Tudo isso mostra a importância da capacitação dos profissionais envolvidos no procedimento.
Principais cores das tampas dos tubos de coleta e suas finalidades
A seguir, listamos as cores mais utilizadas em laboratórios clínicos, explicando o que cada uma representa e para quais exames são indicadas:
🟥 Tampa Vermelha – Tubo sem aditivo
Uso: coleta de soro para exames bioquímicos.
Exemplos de exames: colesterol total, triglicérides, bilirrubinas, testes hormonais.
Observações: como não possui anticoagulante, é necessário aguardar a coagulação completa do sangue antes da centrifugação.
🟦 Tampa Azul – Tubo com citrato de sódio
Uso: avaliação da coagulação sanguínea.
Exemplos de exames: tempo de protrombina (TP), tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA).
Observações: o citrato age como anticoagulante reversível, ideal para testes sensíveis à coagulação. A proporção sangue/aditivo deve ser rigorosamente respeitada.
🟩 Tampa Verde – Tubo com heparina
Uso: análise de plasma e testes que exigem anticoagulação imediata.
Exemplos de exames: dosagem de eletrólitos, enzimas, exames toxicológicos e gasometria.
Observações: a heparina evita a coagulação sem interferir na maioria dos parâmetros bioquímicos.
🟪 Tampa Roxa – Tubo com EDTA
Uso: preservação de células sanguíneas para contagens hematológicas.
Exemplos de exames: hemograma completo, tipagem sanguínea, testes moleculares.
Observações: o EDTA impede a coagulação por quelar o cálcio, preservando a morfologia celular.
🟨 Tampa Amarela – Tubo com gel separador e ativador de coágulo
Uso: exames bioquímicos semelhantes ao do tubo vermelho, porém com maior estabilidade da amostra.
Exemplos de exames: função hepática, função renal, painel lipídico.
Observações: o gel forma uma barreira após a centrifugação, separando o soro do coágulo.
⬛ Tampa Cinza – Tubo com fluoreto de sódio e oxalato
Uso: exames de glicose e lactato.
Exemplos de exames: glicemia de jejum, curva glicêmica, testes de intolerância à glicose.
Observações: o fluoreto inibe a glicólise, preservando a glicose por mais tempo na amostra.
A importância da sequência correta na coleta de sangue
A sequência dos tubos de coleta é um fator crítico no processo laboratorial. Utilizar os tubos na ordem incorreta pode causar contaminação cruzada entre os aditivos, interferindo nos resultados dos exames.
Ordem recomendada de coleta:
Tubo sem aditivo – Tampa vermelha
Tubo com citrato de sódio – Tampa azul
Tubo com gel separador (ativador de coágulo) – Tampa amarela
Tubo com heparina – Tampa verde
Tubo com EDTA – Tampa roxa
Tubo com fluoreto – Tampa cinza
Essa ordem foi padronizada por organizações como a Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) para garantir a integridade das amostras. O não cumprimento pode gerar falsos resultados, como uma falsa trombocitopenia (baixa contagem de plaquetas) por efeito do EDTA em tubos destinados a testes bioquímicos.
Cuidados essenciais para uma coleta eficaz
A coleta de sangue não é apenas inserir a agulha e encher tubos. Diversas etapas exigem atenção, conhecimento técnico e respeito aos protocolos. Veja abaixo os principais cuidados para uma coleta de qualidade:
Tempo de garrote: não deve ultrapassar 1 minuto, pois a estase prolongada pode alterar parâmetros como potássio e proteínas.
Higienização adequada: a antissepsia correta da pele evita contaminações.
Inversão dos tubos: os tubos com aditivos devem ser invertidos delicadamente para garantir a homogeneização do conteúdo.
Identificação correta: os tubos devem ser rotulados de forma legível e segura, antes ou imediatamente após a coleta.
Evite o refluxo: manter a posição adequada do braço e do tubo durante a coleta evita que o sangue retorne e altere a concentração dos aditivos.
O papel da biomedicina nas análises clínicas
Os biomédicos que atuam na área de análises clínicas desempenham um papel essencial em todo esse processo. São eles os responsáveis por interpretar os resultados laboratoriais e garantir a padronização das coletas, contribuindo para diagnósticos precisos e tratamentos adequados.
Além da coleta, o conhecimento sobre a influência dos aditivos, estabilidade das amostras e interferências analíticas é fundamental. Por isso, a formação e atualização constante dos profissionais de saúde são indispensáveis para garantir a segurança e a qualidade dos serviços laboratoriais.
Conclusão
Compreender as cores das tampas dos tubos de coleta e seus respectivos aditivos é mais do que um detalhe técnico — é um componente essencial da medicina diagnóstica. Uma simples troca de tubo ou erro na ordem de coleta pode impactar significativamente o resultado de um exame, levando a diagnósticos equivocados e decisões clínicas erradas.
Por isso, ao realizar seus exames laboratoriais, não hesite em tirar dúvidas, observar o procedimento e garantir que o laboratório segue boas práticas. Informação é saúde, e conhecer os bastidores da coleta pode tornar você um agente mais ativo e consciente do seu cuidado.
Referências:
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