Entenda as Cores das Tampas dos Tubos de Coleta: Um Guia Prático

Entenda o que significa cada cor de tampa dos tubos de coleta, quais aditivos estão presentes, para quais exames são usados e por que a ordem de coleta é fundamental para a qualidade dos resultados laboratoriais.

COLETA E PREPAROHEMATOLOGIABIOQUÍMICAHORMÔNIOS E VITAMINASMAIS CLICADOS

Ariéu Azevedo Moraes

2/16/20255 min ler

tubos de coleta com diferentes tampas e cores, sinalizando que cada um é para um tipo de exame
tubos de coleta com diferentes tampas e cores, sinalizando que cada um é para um tipo de exame

Cores das Tampas dos Tubos de Coleta: O Que Cada Cor Significa nos Exames Laboratoriais

Se você trabalha em laboratório, enfermagem, coleta ou simplesmente já precisou fazer exames de sangue, certamente reparou que os tubos têm tampas de cores diferentes: roxa, vermelha, azul claro, verde, cinza… Nada disso é aleatório. Cada cor indica um tipo de aditivo (ou sua ausência) e está diretamente ligada ao tipo de exame, à metodologia utilizada e à qualidade do resultado final.

Usar o tubo errado, inverter a ordem de coleta ou não homogeneizar adequadamente pode gerar coágulos, hemólise, diluição indevida ou alterações em parâmetros críticos, como coagulograma, eletrólitos e hemograma. Ou seja: um simples detalhe na tampa pode mudar completamente a interpretação clínica.

Neste artigo, você vai entender o que significa cada cor de tampa, quais aditivos estão presentes, para quais exames cada tubo é indicado, por que a ordem de coleta é tão importante e como pequenos cuidados nessa etapa fazem diferença na rotina das análises clínicas.

Por que as tampas dos tubos têm cores diferentes?

As cores das tampas dos tubos de coleta indicam os diferentes aditivos usados em cada um (como EDTA, citrato, heparina ou sem aditivo) e, por isso, definem para quais exames aquele tubo é indicado. Respeitar a cor correta e a ordem de coleta evita erros pré-analíticos e garante resultados laboratoriais mais confiáveis.

A coleta de sangue é um procedimento padronizado, e cada tubo de coleta foi desenvolvido com uma finalidade específica. As cores das tampas identificam o tipo de aditivo presente no tubo (ou sua ausência), que pode interferir diretamente nos resultados laboratoriais. Por isso, o uso correto desses tubos é uma etapa essencial no processo pré-analítico das análises clínicas.

O erro na escolha do tubo pode comprometer completamente o exame, levando a resultados falsos, diagnósticos incorretos e até intervenções médicas desnecessárias. Além disso, a sequência de coleta também influencia na qualidade da amostra. Tudo isso mostra a importância da capacitação dos profissionais envolvidos no procedimento.

Principais cores das tampas dos tubos de coleta e suas finalidades

A seguir, listamos as cores mais utilizadas em laboratórios clínicos, explicando o que cada uma representa e para quais exames são indicadas:

🟥 Tampa Vermelha – Tubo sem aditivo

  • Uso: coleta de soro para exames bioquímicos.

  • Exemplos de exames: colesterol total, triglicérides, bilirrubinas, testes hormonais.

  • Observações: como não possui anticoagulante, é necessário aguardar a coagulação completa do sangue antes da centrifugação.

🟦 Tampa Azul – Tubo com citrato de sódio

  • Uso: avaliação da coagulação sanguínea.

  • Exemplos de exames: tempo de protrombina (TP), tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA).

  • Observações: o citrato age como anticoagulante reversível, ideal para testes sensíveis à coagulação. A proporção sangue/aditivo deve ser rigorosamente respeitada.

🟩 Tampa Verde – Tubo com heparina

  • Uso: análise de plasma e testes que exigem anticoagulação imediata.

  • Exemplos de exames: dosagem de eletrólitos, enzimas, exames toxicológicos e gasometria.

  • Observações: a heparina evita a coagulação sem interferir na maioria dos parâmetros bioquímicos.

🟪 Tampa Roxa – Tubo com EDTA

  • Uso: preservação de células sanguíneas para contagens hematológicas.

  • Exemplos de exames: hemograma completo, tipagem sanguínea, testes moleculares.

  • Observações: o EDTA impede a coagulação por quelar o cálcio, preservando a morfologia celular.

🟨 Tampa Amarela – Tubo com gel separador e ativador de coágulo

  • Uso: exames bioquímicos semelhantes ao do tubo vermelho, porém com maior estabilidade da amostra.

  • Exemplos de exames: função hepática, função renal, painel lipídico.

  • Observações: o gel forma uma barreira após a centrifugação, separando o soro do coágulo.

⬛ Tampa Cinza – Tubo com fluoreto de sódio e oxalato

  • Uso: exames de glicose e lactato.

  • Exemplos de exames: glicemia de jejum, curva glicêmica, testes de intolerância à glicose.

  • Observações: o fluoreto inibe a glicólise, preservando a glicose por mais tempo na amostra.

A importância da sequência correta na coleta de sangue

A sequência dos tubos de coleta é um fator crítico no processo laboratorial. Utilizar os tubos na ordem incorreta pode causar contaminação cruzada entre os aditivos, interferindo nos resultados dos exames.

Ordem recomendada de coleta:

  1. Tubo sem aditivo – Tampa vermelha

  2. Tubo com citrato de sódio – Tampa azul

  3. Tubo com gel separador (ativador de coágulo) – Tampa amarela

  4. Tubo com heparina – Tampa verde

  5. Tubo com EDTA – Tampa roxa

  6. Tubo com fluoreto – Tampa cinza

Essa ordem foi padronizada por organizações como a Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) para garantir a integridade das amostras. O não cumprimento pode gerar falsos resultados, como uma falsa trombocitopenia (baixa contagem de plaquetas) por efeito do EDTA em tubos destinados a testes bioquímicos.

Cuidados essenciais para uma coleta eficaz

A coleta de sangue não é apenas inserir a agulha e encher tubos. Diversas etapas exigem atenção, conhecimento técnico e respeito aos protocolos. Veja abaixo os principais cuidados para uma coleta de qualidade:

  • Tempo de garrote: não deve ultrapassar 1 minuto, pois a estase prolongada pode alterar parâmetros como potássio e proteínas.

  • Higienização adequada: a antissepsia correta da pele evita contaminações.

  • Inversão dos tubos: os tubos com aditivos devem ser invertidos delicadamente para garantir a homogeneização do conteúdo.

  • Identificação correta: os tubos devem ser rotulados de forma legível e segura, antes ou imediatamente após a coleta.

  • Evite o refluxo: manter a posição adequada do braço e do tubo durante a coleta evita que o sangue retorne e altere a concentração dos aditivos.

O papel da biomedicina nas análises clínicas

Os biomédicos que atuam na área de análises clínicas desempenham um papel essencial em todo esse processo. São eles os responsáveis por interpretar os resultados laboratoriais e garantir a padronização das coletas, contribuindo para diagnósticos precisos e tratamentos adequados.

Além da coleta, o conhecimento sobre a influência dos aditivos, estabilidade das amostras e interferências analíticas é fundamental. Por isso, a formação e atualização constante dos profissionais de saúde são indispensáveis para garantir a segurança e a qualidade dos serviços laboratoriais.

Sabemos então que:

Compreender as cores das tampas dos tubos de coleta e seus respectivos aditivos é mais do que um detalhe técnico — é um componente essencial da medicina diagnóstica. Uma simples troca de tubo ou erro na ordem de coleta pode impactar significativamente o resultado de um exame, levando a diagnósticos equivocados e decisões clínicas erradas.

Por isso, ao realizar seus exames laboratoriais, não hesite em tirar dúvidas, observar o procedimento e garantir que o laboratório segue boas práticas. Informação é saúde, e conhecer os bastidores da coleta pode tornar você um agente mais ativo e consciente do seu cuidado.

Referências:

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