Atividade Física no Autismo: Benefícios, Cuidados e Dicas de Brincadeiras Seguras
Entenda como a atividade física beneficia crianças e adultos com autismo, quais cuidados são necessários — especialmente em relação ao risco de afogamento — e veja dicas de brincadeiras, adaptações e conteúdos para ampliar a compreensão sobre o TEA.
ATUALIDADESCAMPANHA DE CORES
Ariéu Azevedo Moraes
4/8/20255 min ler
Mover o corpo também é uma forma de organizar o mundo interno — e isso vale, em especial, para pessoas com TEA.
A prática regular de atividade física contribui para o desenvolvimento motor, emocional e social de qualquer criança. No caso de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o impacto pode ser ainda mais amplo: estudos associam o movimento à melhora da regulação emocional, da qualidade do sono, da interação social e, em alguns casos, até da comunicação e da atenção.
Ao mesmo tempo, esse tema pede cuidado. Crianças e adultos com TEA podem apresentar desafios específicos em relação à percepção de risco, à sensibilidade sensorial e à compreensão de regras, o que aumenta a necessidade de supervisão — especialmente em ambientes aquáticos, onde o risco de afogamento é maior na infância e na adolescência.
Por isso, mais do que “colocar a criança para gastar energia”, o objetivo é incluir a atividade física na rotina de forma segura, estruturada e prazerosa, respeitando interesses, limites sensoriais e o perfil de cada pessoa no espectro.
Neste artigo, você vai entender por que a atividade física deve fazer parte do dia a dia de crianças e adultos com TEA, quais cuidados específicos devem ser adotados (inclusive em piscinas, rios e praias), e como transformar o exercício em algo divertido — com brincadeiras, jogos e adaptações simples. Ao final, trazemos também indicações de filmes, séries e livros que ajudam a ampliar a compreensão sobre o autismo de maneira empática e acessível.
Por que a atividade física é tão importante para pessoas com TEA?
Atividade física no autismo ajuda na regulação emocional, interação social e desenvolvimento motor, mas exige cuidados especiais com segurança, principalmente em ambientes aquáticos. Brincadeiras estruturadas, supervisão constante e respeito ao perfil sensorial tornam o movimento mais seguro e prazeroso para pessoas com TEA.
Crianças e adultos com TEA muitas vezes enfrentam desafios motores, sensoriais e comportamentais. A atividade física atua em várias frentes:
Coordenação motora: auxilia no desenvolvimento de habilidades motoras finas e grossas;
Regulação sensorial: atividades que envolvem movimento ajudam na autorregulação de estímulos sensoriais;
Convívio social: esportes em grupo e jogos facilitam o contato com outras crianças e promovem habilidades sociais;
Redução de estresse e ansiedade: a liberação de endorfinas durante o exercício físico melhora o humor e ajuda na regulação emocional;
Sono e comportamento: estudos apontam que crianças com TEA que se exercitam dormem melhor e apresentam menos comportamentos repetitivos ou agressivos.
Uma revisão publicada na Frontiers in Psychiatry concluiu que a atividade física regular pode melhorar a comunicação social, o comportamento adaptativo e a cognição em indivíduos com TEA.
Cuidados Essenciais: atenção redobrada com segurança
Apesar dos benefícios, é importante observar que crianças com autismo podem apresentar comportamentos imprevisíveis ou falta de percepção de perigo, o que requer maior atenção dos cuidadores.
1. Risco de afogamento
Estudos apontam que o afogamento é uma das principais causas de morte acidental entre crianças com TEA. Isso pode ocorrer por:
Fascínio por água (rios, lagos, piscinas);
Dificuldade de reconhecer riscos;
Elopement (fuga repentina);
Baixa habilidade de natação.
Dica importante: sempre supervisione atividades aquáticas e, se possível, invista em aulas de natação com instrutores especializados em TEA. Além de prevenir acidentes, isso ajuda a criança a ganhar autonomia e confiança.
2. Hipersensibilidade sensorial
Luzes, sons ou texturas em ambientes como academias ou quadras esportivas podem causar sobrecarga sensorial. Sempre observe sinais de desconforto e adapte o ambiente conforme necessário.
3. Preferência por rotinas
Muitas crianças com autismo preferem atividades previsíveis. Assim, criar uma rotina estruturada de exercícios, com horários e locais definidos, pode ser uma excelente estratégia para manter o engajamento.
Dicas de atividades físicas e brincadeiras inclusivas
Não é necessário investir em atividades complexas. Com criatividade e atenção, é possível criar momentos prazerosos e benéficos para o desenvolvimento motor e emocional da criança. Aqui estão algumas sugestões:
Atividades em casa ou ao ar livre
Pular corda: ajuda no ritmo, coordenação e equilíbrio;
Corridas de obstáculos com almofadas ou cones: trabalha planejamento motor;
Dançar músicas favoritas: promove expressão corporal e alegria;
Caminhadas sensoriais na natureza: pisar na grama, sentir folhas e cheiros, tudo isso estimula os sentidos de forma controlada;
Ioga infantil: movimentos suaves e focados na respiração ajudam na autorregulação;
Bolhas de sabão: simples, mas ótima para coordenação motora e estímulo visual.
Esportes recomendados
Natação: além de prevenir acidentes, fortalece a musculatura e melhora a percepção corporal;
Judô e artes marciais: ajudam na disciplina, autocontrole e interação social;
Equoterapia: uso terapêutico do cavalo, muito eficaz na melhora da postura, equilíbrio e socialização;
Futebol e basquete adaptado: desenvolvem cooperação e regras sociais.
A escolha da atividade deve considerar o perfil da criança e, sempre que possível, envolver um profissional de educação física ou terapeuta ocupacional com experiência em TEA.
Como incentivar a atividade física de forma positiva?
Dê o exemplo: pais que se exercitam incentivam seus filhos pelo modelo.
Celebre pequenas conquistas: cada novo movimento ou brincadeira é uma vitória.
Evite comparações: respeite o ritmo individual.
Use reforço positivo: elogios e recompensas simples aumentam o engajamento.
Filmes, Séries e Livros para entender melhor o autismo
A cultura também pode ser uma ponte poderosa para a empatia e o conhecimento. Veja algumas obras que abordam o tema com sensibilidade:
📚 Livros
O Cérebro Autista – Temple Grandin e Richard Panek: uma das maiores vozes do autismo no mundo explica como pensa e percebe o mundo.
Na Minha Pele: Vivências no Espectro do Autismo – Andréa Werner: relatos reais de uma mãe e ativista brasileira sobre o TEA.
Oliver Sacks – Um Antropólogo em Marte: inclui o famoso caso da própria Temple Grandin e sua visão única do mundo.
📺 Séries
Atypical (Netflix): comédia dramática sobre um jovem com TEA em busca de independência.
The Good Doctor (Globoplay/Sony): aborda o dia a dia de um médico cirurgião com autismo.
Pablo (Netflix): animação infantil em que o protagonista é um menino autista que entende o mundo através de seus desenhos.
🎬 Filmes
Temple Grandin (HBO Max): biografia da cientista autista Temple Grandin, que revolucionou a zootecnia.
Tudo Que Quero (2017): drama sobre uma jovem autista que escreve um roteiro para a série Star Trek.
Extraordinário (2017): embora o personagem não tenha TEA, o filme promove empatia e respeito à diversidade.
Concluímos então: Movimento é inclusão
A atividade física, mais do que saúde, é uma oportunidade de inclusão e desenvolvimento integral para pessoas com autismo. Com os cuidados certos e a abordagem lúdica, o movimento pode se tornar uma das ferramentas mais poderosas no dia a dia de quem convive com o TEA. O mais importante é respeitar os limites, celebrar os avanços e garantir que cada passo seja dado com acolhimento e segurança.
Referências
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