BNP e Inflamação Pulmonar: Para entendimento de Profissionais da Saúde e Interessados
Olá! Vamos conversar sobre um exame importante, o BNP, e como ele se relaciona com a saúde dos nossos pulmões. Você provavelmente já ouviu falar do BNP no contexto do coração, mas ele também pode nos dar pistas valiosas sobre o que está acontecendo nos pulmões.
BIOQUÍMICA
Ariéu Azevedo Moraes
3/24/20254 min ler
BNP: o que é e como esse exame pode revelar muito mais do que problemas cardíacos
Quando o senhor João chegou ao pronto-socorro sentindo falta de ar e cansaço extremo, os médicos logo pensaram em problemas pulmonares, talvez uma pneumonia ou uma crise de DPOC. Mas foi um simples exame de sangue, o BNP, que trouxe pistas cruciais para o diagnóstico. O resultado elevado apontava para algo mais sério: insuficiência cardíaca com impacto pulmonar.
Esse caso, semelhante ao de muitos brasileiros atendidos todos os dias no sistema de saúde, mostra o quanto o BNP pode ser um aliado valioso — não apenas para investigar o coração, mas também para entender o que acontece nos pulmões e em outras partes do corpo.
Neste artigo, vamos explorar o que é o BNP, como ele funciona, quais doenças ele pode indicar e por que ele se tornou tão importante para a biomedicina, a clínica médica e os exames laboratoriais modernos.
O que é o BNP?
O BNP, sigla para Peptídeo Natriurético tipo B (Brain Natriuretic Peptide), é um hormônio produzido principalmente pelos ventrículos do coração quando há sobrecarga de pressão ou volume. Seu nome pode confundir — o termo “cerebral” vem da descoberta inicial em tecido cerebral, mas hoje sabemos que sua principal origem é cardíaca.
Quando o coração está trabalhando com dificuldade, seja por acúmulo de líquido ou aumento da pressão nas câmaras cardíacas, o BNP é liberado na corrente sanguínea como um sinal de alerta. Seu papel é ajudar o organismo a reduzir o volume de líquido e a pressão arterial, agindo como um “protetor” cardiovascular.
Para que serve o exame de BNP?
Tradicionalmente, o BNP é utilizado para avaliar e monitorar a insuficiência cardíaca, uma condição em que o coração perde sua capacidade de bombear sangue de forma eficaz. No entanto, nas últimas décadas, pesquisas vêm demonstrando que o BNP também pode indicar complicações pulmonares e inflamatórias, ampliando seu uso dentro das análises clínicas.
A surpreendente conexão com os pulmões
Um número crescente de estudos científicos mostra que o BNP também pode refletir o que acontece nos pulmões, especialmente em casos de inflamação pulmonar. Isso acontece porque pulmão e coração funcionam em conjunto no sistema cardiorrespiratório — quando um falha, o outro pode sofrer as consequências.
Entre as principais condições pulmonares associadas à elevação do BNP, estão:
1. DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica)
Essa doença inflamatória crônica causa obstrução das vias aéreas e sobrecarrega o coração direito. O aumento da pressão pulmonar e a dificuldade do coração em bombear sangue podem elevar significativamente o BNP [1].
2. Asma
Durante crises asmáticas graves, há aumento da resistência das vias aéreas e possível comprometimento do retorno venoso, o que também pode estimular a liberação de BNP [2].
3. Pneumonia
Infecções pulmonares como a pneumonia provocam inflamação intensa no tecido pulmonar, o que pode levar a estresse cardíaco secundário e aumento dos níveis de BNP [3].
4. SDRA (Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo)
Essa condição grave, frequentemente associada a sepse ou COVID-19, causa lesão pulmonar difusa. O BNP pode servir como biomarcador da gravidade e da resposta inflamatória [4].
O BNP como possível agente protetor dos pulmões
Além de atuar como um marcador de inflamação, o BNP pode exercer efeitos benéficos diretos sobre os pulmões:
Ação anti-inflamatória: estudos experimentais sugerem que o BNP reduz a produção de citocinas inflamatórias em modelos de lesão pulmonar [5].
Proteção do tecido pulmonar: ao limitar a inflamação, o BNP pode prevenir danos permanentes ao epitélio respiratório.
Melhoria da função pulmonar: em alguns casos, o BNP foi associado à redução de edema pulmonar e melhora da oxigenação.
Essas descobertas abrem caminho para futuras terapias com análogos de BNP em doenças pulmonares crônicas.
Como é feito o exame de BNP?
O exame de BNP é realizado por meio de coleta de sangue venoso, geralmente do braço, em um procedimento simples e rápido. O material é analisado em laboratório por métodos imunológicos, como o quimioluminescência.
Precisa de jejum?
Na maioria dos casos, não é necessário jejum para a realização do BNP. No entanto, o ideal é seguir as orientações específicas do seu médico ou do laboratório onde será feita a coleta.
Valores de referência do BNP
Os valores de referência podem variar de acordo com o método e o laboratório, mas geralmente seguem este padrão:
Menor que 100 pg/mL: considerado normal.
Entre 100 e 400 pg/mL: requer avaliação clínica, podendo indicar insuficiência cardíaca ou condições inflamatórias.
Acima de 400 pg/mL: sugestivo de insuficiência cardíaca descompensada ou doença grave.
Esses valores devem ser interpretados por um médico, levando em conta idade, sexo, função renal e uso de medicamentos como diuréticos ou inibidores da ECA [6].
O BNP está disponível no SUS?
Sim! Desde 2020, o exame de BNP passou a ser ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), facilitando o acesso ao diagnóstico precoce da insuficiência cardíaca, principalmente em populações de maior vulnerabilidade [7].
O que mais pode alterar o BNP?
Além da insuficiência cardíaca e das doenças pulmonares inflamatórias, os níveis de BNP podem se elevar em outras situações clínicas:
Doença renal crônica
Hipertensão arterial sistêmica
Embolia pulmonar
Hipertensão pulmonar
Infarto do miocárdio
Arritmias e valvopatias cardíacas
Em todos esses casos, o BNP atua como marcador de estresse cardíaco e pode orientar condutas clínicas mais precisas.
Conclusão
O BNP é muito mais do que um exame para o coração. Ele se tornou um biomarcador multidisciplinar, essencial em cenários de insuficiência cardíaca, inflamação pulmonar e outras doenças sistêmicas.
Para os profissionais da biomedicina, o BNP representa uma ferramenta laboratorial estratégica, capaz de auxiliar diagnósticos complexos e monitorar o tratamento de forma eficaz. Seu acesso ampliado pelo SUS, a simplicidade da coleta e a riqueza de informações tornam o BNP um dos exames mais relevantes da medicina moderna.
Lembre-se: mesmo com todo o avanço tecnológico, nenhum exame substitui a avaliação clínica completa. Por isso, converse sempre com seu médico sobre os resultados e sobre o que eles significam no seu caso específico.
Referências:
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